De olho nas vendas expressivas da Honda NXR 150 Bros no Brasil, 4ª moto mais vendida do país, a Yamaha acaba de apresentar a inédita XTZ 150 Crosser, que deve ser sua principal novidade no ano.
O modelo exclusivo para o mercado brasileiro vai chegar às lojas em abril por preço base de R$ 9.050. Seu motor flex é o mesmo da recém-lançada Fazer 150, mas seu visual e conjunto seguem o padrão aventureiro, encontrado em modelos de uso misto para terra e asfalto.

A Yamaha aposta no visual diferenciado da moto, além do bom acabamento, para competir com a Bros.
A chegada da Crosser 150 deve aquecer este segmento, das trail de 150 cc, no qual a Bros é soberana e praticamente não possui rival direto. Com preços similares, a Bros tem valor sugerido começando em R$ 9.000, as duas ainda têm a Kasinski CRZ 150 como possível rival, modelo que custa a partir de R$ 6.790, mas não apresenta vendas expressivas.
Veja os preços*:
XTZ Crosser 150 E: R$ 9.050
- Freio a tambor na dianteira
XTZ Crosser 150 ED: R$ 9.350
- Freio a disco na dianteira
- Ajuste de guidão
*sem frete incluso
Uma aventureira para a cidade
Apesar de ter roda grande na dianteira, de 19 polegadas (na traseira é de 17 polegadas), pneus de uso misto e escapamento alto, a Crosser traz algumas soluções que mostram uma estratégia diferenciada da marca em relação ao produto. Ao contrário da Bros, o para-lama dianteiro foi colocado rente à roda, como é tradicional em modelos urbanos.
No caso do modelo da Honda, o item fica mais no alto e é maior – lembrando modelos de motocross -, algo feito para evitar que a terra voe em direção ao motociclista. Outro detalhe interessante é o pequeno “bico” vazado colocado sob o farol dianteiro da Crosser, muito mais um detalhe estético do que de real utilidade.

(Foto: Rafael Miotto/G1)
Se a fabricante tivesse optado por colocar rodas de 17 polegadas em ambos eixos e pneus totalmente para asfalto, a Crosser seria uma autêntica supermotard. Este nicho é formado por motos trail, mas que recebem rodas e pneus para asfalto, como ocorreu com a extinta XTZ 250X da própria Yamaha.
Na pista
A apresentação da moto ocorreu em um kartódromo em Florianópolis (SC), que apesar de não ser a melhor opção para avaliar a proposta urbana do produto, foi uma boa oportunidade para levar o conjunto a situações mais extremas. De acordo com a empresa, motor e câmbio se mantiveram inalterados em relação à Fazer 150.

(Foto: Stephan Solon/Divulgação)
Sem mostrar uma força extraordinária, como é esperado para o segmento, o motor com injeção eletrônica funciona linearmente, sem muitas vibrações, garantindo força suficiente para deslocamentos tipicamente urbanos. Mas, quando se leva garupa, a Crosser sofre um pouco.
Os números divulgados pela empresa indicam potência máxima de 12,2 cavalos (gasolina) e 12,4 cavalos (etanol), enquanto o torque é de 1,29 kgfm (etanol) e 1,28 kgfm (gasolina). Sem retas muito grandes, foi possível chegar a cerca de 80 km/h na pista, mas é esperado que o ultrapasse os 100 km/h, apesar de a empresa não divulgar a velocidade máxima.
Em curvas, a moto surpreendeu, e mesmo com suspensões longas de 180 mm, tanto na dianteira, como na traseira, manteve boa estabilidade e garante trocas de direção com rapidez. Apesar de os pneus serem de uso misto, permitem inclinação razoável da moto, sendo possível até raspar as pedaleiras.
Freio a tambor
Ao contrário de sua irmã Fazer, a Crosser não possui freios a disco de série na dianteira – na traseira o dispositivo é sempre a tambor, tanto na XTZ 150, como na Fazer. De acordo com a empresa, a ideia é agradar o consumidor de mercados como o nordestino, que ainda preferem a ação mais branda realizada pelo arcaico sistema a tambor.

Crosser 150 (Foto: Divulgação)
A explicação possui sua lógica comercial, porém, na prática, é uma “muleta” para a má formação de condutores que não sabem utilizar o freio corretamente, solução também empregada pela Honda na Bros.
Durante a avaliação, o G1 pode rodar com a moto equipada com os dois tipos de freios. O sistema a tambor até que não é tão fraco, mas comparado com o disco de 230 mm na dianteira, fica muito atrás.
Outro detalhe é que a “mordida” no disco não é muito forte, o que pode ajudar aqueles que não possuem muita experiência em frenagens, tornando assim a opção pelo sistema a tambor quase inaceitável. Cabe ao consumidor fazer a escolha, são R$ 300 a mais, em uma moto que já custa mais de R$ 9 mil.
Ergonomia confortável
No mesmo dia foi possível rodar também com a Fazer 150 e ficou claro que a Crosser possui uma ergonomia mais confortável. Com guidão mais alto comparado ao da Fazer, a sensação é de ficar em posicionamento mais natural, com os braços relaxadas na XTZ, enquanto a Fazer deixa o motociclista mais espremido.

(Foto: Stephan Solon/Divulgação)
Mas o desempenho mostrou a firmeza esperada, sem ser muito dura, mas também não oscilando em demasia em trocas de direção e curvas. Enquanto na dianteira, a empresa optou um garfo simples com 180 mm de curso, na parte traseira o sistema é do tipo "monoshock", de apenas 1 amortecedor, com link para conexão com a balança, o que proporciona melhor absorção de impactos.
Para o garupa, o conforto é razoável. Apesar de contar com um bom espaço no assento, o acesso às alças de garupa é um pouco incômodo, pois o encaixe das mãos é feito paralelamente atrás da coluna.
O gigante acordou
O valor acima dos R$ 9 mil não pode ser considerado barato, porém, se encaixa na realidade do mercado brasileiro composto de motos caras. Se quisesse desafiar a Honda, a Yamaha poderia vender o modelo por um valor mais barato, mas não foi a opção.

conjunto (Foto: Rafael Miotto/G1)
Um dos deslizes está na tampa do tanque, muito simples, e destoando do restante do conjunto, com carenagens laterais. No geral, a empresa caprichou no visual e, mesmo que o estilo seja “ame ou odeie”, trouxe uma identidade diferente para a XTZ 150, saindo do mais do mesmo visto em outros modelos.
No entanto, talvez ao ouvir os gritos de protestos finalmente, o “gigante tenha acordado”. Após a Fazer 150, revelada no final de 2013, a empresa lança agora a Crosser 150. Os modelos não trazem nada de revolucionário, mas fazem seu papel muito bem e, em alguns aspectos, até superaram o que já foi visto na linha 150 de extremo sucesso da Honda no Brasil.
“Damos um passo de cada vez”, disse Shigeo Hayakawa, diretor-presidente da Yamaha no Brasil, durante a apresentação da XTZ 150. No entanto, com a Fazer 150 e a Crosser, estes passos foram de gigante, necessários para correr atrás do prejuízo.

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